31.3.17

Beatles - Lógica Hiperdialética

por Luiz Otávio de Figueiredo Mantovaneli
Salvador, 7 de abril de 2002


...professor

Agora vamos ao Lennon. Ou melhor, vamos, primeiramente aos Beatles. Foram quatro rapazes, todos eles nascidos durante a II Guerra ( talvez o início do fim desta cultura. O que vivemos pós guerra pode ter sido o canto do cisne)., medianos em talento mas que graças a uma perfeita harmonização de suas potencialidades formaram um fenômeno que foi a VOZ mais potente em seu tempo que dizia que a mudança era uma necessidade imperiosa. Dentro de sua proposta, a música, exploraram-na em uma profundidade tal que quem quer que faça música hoje em dia, deve tributo ao grupo.

Vejamos de perto esses quatro. Paul MacCartney contribuiu com a maior solidez e densidade na principal proposta do grupo que era a própria música (I). Depois tem o George Harrison, com seu olhar para longe, para outras culturas, introduzindo ao grupo as drogas, que àquela época tinham um certo caráter romântico e iniciático, a meditação e a música oriental (D). Tem o Ringo Starr ,que não era fundador do grupo mas que deu e continuou lutando pela estabilidade do grupo e que, com o fim dos Beatles, foi o que obteve a maior porção de ostracismo, a história esquecida (I/D). Jonh Lennon, com seu espirito irrequieto e iconoclasta foi o principal intérprete do grupo, o seu porta-voz. Era quem conhecia melhor o modus operandi da mídia (D/D). Esses quatro fizeram The Beatles (I/D/D) com todas as características. A dupla Lennon/MacCartney produzia a maioria das obras e polarizava atenções, formando o par masculino I/ D/D, enquanto Ringo I/D formava com George D formava o par feminino reprimido. Com o fim do grupo, que foi só uma epifania das possibilidades qüinqüitárias, eles nunca conseguiram reproduzir em carreira solo o que fizeram juntos pura e simplesmente porque não tem talento isolado para isso. Precisam um do outro como o homem precisa do próximo.

Lennon praticamente deixa a música e passa a ser um agitador espalhafatoso. Quem é sério é assassinado. Admite o fracasso do projeto ( The Dream is over) mas qual projeto? O deles ou o da ciência? Sua pouca produção musical é denúncia pura: Woman is the nigger of the world, Power to the people, Give peace a chance e a sonhadora, quase evangélica. Imagine que não difere em nada da sociedade hiperdialética que o senhor anuncia e nós esperamos. Mas Lennon o faz em linguagem simples, dirigida ao povo. Graças a Deus a mídia não percebeu as ironias da sua morte auto-profetizada. Tê-la-ia capitalizado e esvaziado. Acredito sinceramente que todos estes elementos o credenciam como um profeta de uma cultura emergente afinal, a cultura precisa de profetas.

Profeta, do grego "pro", antes, "femí", eu digo. O substantivo que vai designar que faz a ação recebe o sufixo "tés". Assim temos poesia-poeta e profecia-profeta. Parece loucura , não

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